PROJETO GURI

Marcos Mendonça
Secretário da Cultura do Estado de São Paulo - 1995 a 2002
Criado em 1995, o Projeto Guri tem por objetivo a inclusão social através da música. Uma das obras que Marcos Mendonça mais se orgulha em haver realizado.
O Projeto Guri, iniciado em 1995, é a face social da política cultural implantada em São Paulo pelo Governador Mário Covas. Essa política se propôs a ampliar os benefícios da Cultura, levando-a a todos os segmentos da sociedade, especialmente aos nichos mais carentes da população até então dela excluídos. Considerado pelo governador Geraldo Alkmin como um dos mais bem-sucedidos programas de sua administração, o Projeto Guri visou desde o seu início atuar no trato e na prevenção da agressividade e da violência entre a população de risco, desenvolvendo a sociabilidade e a auto-estima e transmitindo noções de cidadania, por meio do ensino coletivo da música, que resultou na criação de pequenas orquestras e corais de crianças e jovens.
Foi num domingo do mês de março de 1995, quando Marcos Mendonça viu a apresentação da pequena orquestra da cidade de Ouro Verde. Vendo aqueles meninos tocarem juntos, disciplinados, com seus rostos transmitindo sonhos e esperanças, percebeu que, finalmente, havia encontrado o caminho que abriria para milhares de crianças e jovens a perspectiva de um futuro melhor, longe das ruas, da violência, da marginalidade. Naquele domingo a música lhe mostrou sua força no processo de transformação da realidade. Uma lição que levou consigo para a Secretaria da Cultura e que, menos de três meses depois, levou o primeiro grupo de crianças a começar seu aprendizado musical na Oficina Cultural Amácio Mazzaropi. Era o Projeto Guri que nascia já com nome e a difícil missão de trazer de volta para a sociedade toda uma geração de meninos e meninas sobreviventes da guerra urbana, dos guetos e favelas, dos cortiços, da droga. Na primeira apresentação, no dia 23 de dezembro de 1995, lá mesmo no auditório da oficina, as 180 crianças tocaram de verdade. Bolero de Ravel, Villa-Lobos e, inacreditavelmente, a Nona Sinfonia de Beethoven. Violinos, sopros, percussão. Uma orquestra que fez chorar o Secretário, o maestro, o pai que sequer acreditava mais que seu garoto pudesse fazer algo de bom. O Guri foi crescendo, semeando esperança, solidariedade, inclusão social. Chegou à Febem, aos assentamentos dos sem-terra, a todo o interior. Sua música foi ouvida nos grandes teatros, no Festival de Campos do Jordão, no Palácio do Governo, na Sala São Paulo e até na ONU. Veio o primeiro CD, o segundo, o terceiro. Fez amigos e padrinhos, tocou com grandes músicos, deu exemplo, ganhou o mundo e muitos prêmios. Sua história está registrada num livro idealizado e coordenado pela jornalista Adélia Lombardi, uma das maiores entusiastas desse projeto.